Aposta na indústria auxiliar para o setor energético é urgente no litoral alentejano
A aposta na indústria auxiliar, ao nível da manutenção, serviços e formação, para dar resposta aos grandes investimentos no setor energético em curso no litoral alentejano, foi hoje defendido num encontro, em Sines, promovido pelo Sines Tecnopolo.

Foto: DR
“Estamos a assistir a um grande crescimento da indústria motriz, contudo esta região tem um problema de escala [e] é necessário dar apoio e fazer crescer aquilo que é a indústria auxiliar para que haja massa crítica em serviços, em opções, em formação, em talento”, afirmou o presidente do núcleo de Sines da Ordem dos Engenheiros, André Vilelas.
O responsável falava à rádio M24, à margem do evento “Hackaton Ibérico Greener”, promovido no âmbito do projeto internacional Greener, que está a decorrer no Sines Tecnopolo.
O projeto transfronteiriço Greener visa acelerar a transição energética sustentável na região Alentejo – Algarve – Andaluzia, reforçando a indústria auxiliar como alavanca de inovação e criação de emprego.
Para André Vilelas, que é também responsável pelo projeto Alba, da Repsol Polímeros, é importante criar respostas não só ao nível da manutenção, mas também nos serviços às indústrias e na formação.
“Estamos a falar de todas aquelas [atividades] que são necessárias e às quais as indústrias locais e que investem recorrem. Muitos [destes serviços] não existem localmente e temos de trazer de outras regiões do país ou até de Espanha e de outros países europeus”, referiu.
No seu entender, apesar de Sines estar a tornar-se “num polo petroquímico e refinador importante”, enfrenta “um problema de dimensão”, devido à área geográfica do país, que, ainda assim, compete “com outros polos industriais de elevada dimensão na Europa”.
“Só com essa competitividade é que conseguimos evoluir, descarbonizar e ser competitivos ao mesmo tempo. Tudo o que é indústria auxiliar, áreas ligadas à habitação, à formação, à parte social que permitam trazer pessoas, empresas e serviços, são fundamentais para fazer crescer a comunidade a todos os níveis e não só industrial”, realçou.
Questionado sobre os atrasos na implementação de medidas no terreno que permitam dar resposta a estes problemas, André Vilelas reconheceu que esta região “pecou muitas vezes por não ter investimento” e “estar muito ligada aos serviços”.
“Depois desse apelo à industrialização, a indústria respondeu e temos que fazer com que o resto siga este caminho e trabalhe em conjunto. O projeto Greener tem como objetivo focar essas questões e fazer avançar em paralelo todas as soluções que são necessárias”, notou.
Também as dificuldades de atração e retenção de talento na região foi uma das questões levantadas pelo diretor de refinação, tecnologia e desenvolvimento da Galp Energia, Hugo Carabineiro, em declarações à rádio M24.
"A Galp tem projetos muito ambiciosos de desenvolvimento, de transformação que estão a decorrer em Sines e sentimos a dificuldades que sentem as empresas de atrair e reter talento e capacidades necessárias para fazer essa transformação", indicou.
Por isso, através deste projeto Greener, a petrolífera espera "identificar algumas soluções que possam catapultar as oportunidades que temos para Sines" que tem "um potencial incrível de desenvolvimento", considerou.
No entender de Hugo Carabineiro, esta necessidade de reter 'massa cinzenta" na região "não é recente" e isso deve-se, em parte, ao facto de Sines ser "uma zona periférica", com "debilidades ao nível de infraestruturas", nomeadamente "habitação e serviços de educação e saúde".
"É verdade que muito está a ser feito, mas não é suficiente face à ambição que a Galp tem e outras empresas", tendo em conta que, para Sines, "estão previstos investimentos [globais] de 16 mil milhões de euros", considerou.
A Galp representa "uma parte importante" desse investimento, mas existem "outros projetos que já estão no terreno e que já estão a sentir essas dificuldades", indicou.
"É um projeto que precisa de ser endereçado por políticas adequadas e também pelos próprios agentes económicos", defendeu.
A sessão “Hackaton Ibérico Greener” conta com a presença de várias entidades nacionais que representam a indústria, entre elas a Repsol, Galp e EDP, empresas que estão a desenvolver investimentos na área das energias verdes, em Sines, a administração pública, academia, centros de investigação e da economia social.
De acordo com Tiago Santos, diretor executivo do Sines Tecnopolo, entidade responsável por este consórcio ibérico, o projeto Greener, que conta com um financiamento de 740 mil euros, “procura criar sinergias e apresentar soluções para problemas comuns”.
“Hoje demos o primeiro passo ao juntar a sociedade civil, representantes políticos, das grandes empresas nacionais e das pequenas e médias empresas, universidades e entidades de investigação e todos em mesa, divididos em grupos, estão a trabalhar em problemas comuns para apresentar”, explicou.
Segundo adiantou o responsável, através deste projeto, “as soluções encontradas” para os desafios, definidos por um estudo da Universidade de Huelva, “serão implementadas ao longo do tempo”.
“Estamos a falar nomeadamente de massa crítica nas áreas das engenharias, pessoas capacitadas para dar resposta a esta transição digital e de um problema que também já tinha sido elencado relacionado com a capacitação de pessoas no território para dar resposta às necessidades das empresas” nesta área do setor energético, realçou.
De acordo com Tiago Santos, “estas grandes indústrias têm por si só de inovar, mas precisam que as pequenas e médias empresas façam também esse caminho que é muito mais complexo, porque não têm essa capacidade de investimento, nem o ‘know-how’ para fazer”.
“O projeto Greener, com este tipo de atividades, procura também encontrar soluções que permitam às pequenas e médias empresas acompanhar os grandes investimentos e possibilitar que o investimento feito seja muito maior e com um impacto mais positivo para o território”, frisou.
Comente esta notícia
Notícias mais vistas

Bruno Gonçalves Pereira (STC) conquista Câmara de Santiago do Cacém e inaugura nova era política no concelho
13/10/2025

Mesas de voto para as eleições autárquicas abriram às 08:00
12/10/2025

Sines 'cai' para a CDU depois de 12 anos de gestão socialista
15/10/2025

Campanha eleitoral termina esta sexta-feira e em Santiago do Cacém os candidatos queimam últimos cartuchos
10/10/2025