Foto: DR

A exposição, composta por telas e painéis expostos no Museu Municipal de Santiago do Cacém, no edifício da Câmara Municipal, no Auditório Municipal António Chainho, na Rua Professor Egas Moniz e na Travessa de São Sebastião, nasce de um ecossistema artístico que convida à reflexão sobre a natureza, o afeto e a esperança, onde criar é regenerar.

A abertura está marcada para sábado, pelas 17:30, no Museu Municipal de Santiago do Cacém, com a participação da bailarina Beatriz Mira, do Grupo Coral da Casa do Povo de Cercal do Alentejo e do músico Alexandre Pintassilgo.

A exposição, retrospetiva e evocativa, celebra os 50 anos de carreira do artista plástico e paisagista, Alfredo Moreira da Silva, figura singular no panorama da arte contemporânea portuguesa, cuja obra atravessa os domínios da pintura, do design, da arquitetura e da regeneração ecológica.

De acordo com a vereadora da cultura na Câmara de Santiago do Cacém, Sónia Gonçalves, esta exposição é “um projeto que cria um verdadeiro ecossistema artístico em Santiago do Cacém”, com obras expostas no Museu Municipal, na Câmara Municipal, no Auditório Municipal António Chainho, bem como nas artérias da cidade — Rua Professor Egas Moniz e Travessa de São Sebastião.

“Este gesto de descentralização e de abertura da arte ao espaço público é, por si só, um manifesto: a arte deve pertencer a todos, ocupar o quotidiano, provocar encontros e diálogos inesperados”, sublinhou.

Na sua essência, esta exposição interroga o Sul. Não apenas como lugar geográfico, mas como território emocional e simbólico: o respeito pela Terra, a cultura, a solidão, mas também a resistência, a beleza e a esperança das gentes do sul.

Além de agradecer ao município a abertura para expor os seus trabalhos, o artista plástico explicou que os espectros na sua obra “são sempre uma procura de algo sobre o qual não há informação escrita, mas que tem aquilo que sentimos e exteriorizamos”.

Para Alfredo Moreira da Silva, o papel da arte, “mesmo que não o queira”, é o de “escrever o que está nas entrelinhas, mostrar aquilo que todos queremos comunicar. Por isso, as pessoas encontram-se na arte.”

O sul do Tejo “é uma atração que tenho desde criança e que não sei explicar. Sou um homem do Norte, da cidade, do Porto, da indústria, do comércio e o Sul era a grande incógnita. Um território meio desertificado, com as suas planícies, as casas caiadas de um branco desidratado e uma cultura condensada. Há um fado muito grande no Alentejo, houve uma evaporação, não só do território, mas também das pessoas. Não me levem a mal, mas o Alentejo é uma terra mártir em que o solo está extenuado e os rostos das pessoas refletem essa falta de esperança.”

As obras expostas lançam questões, provocam e apelam à reflexão e à escolha de um caminho e exploram os temas: O Bosque, Outros, Esperança, Território, Amor, e Ar.

Rodeado pela natureza da Herdade da Matinha, em Cercal do Alentejo, defende que “somos hóspedes da Terra, é a nossa condição. Mas podemos ser guardiões ou destruidores. Eu escolhi ser guardião, olhar e perceber que a natureza é um ecossistema gigante, muito mais inteligente do que nós, que temos de preservar e respeitar o seu tempo.”

A exposição “SUL - Espectros Além do Tejo/ SOUTH Specters BeyondThe Tagus” pretende estabelecer um diálogo em que as pessoas “entendam que são únicas”, e por isso, “sejam o melhor de vós, vivam em plenitude. Tenho a sensação de que é esse bem-estar consigo que traz beleza ao mundo.”

Alfredo Moreira da Silva nasceu em 1958, no Porto. Cedo se interessou pelas Artes, incentivado pelo pai, arquiteto e paisagista. Estudou na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis.

Entre 1978 e 1983 viveu uma experiência monástica, praticando a meditação de inspiração Raja Yoga. Após alguns anos a trabalhar na indústria têxtil, partiu para a Austrália, onde recomeçou, com mais determinação, a atividade da pintura. Regressou a Portugal, ao Alentejo, mais precisamente à serra do Cercal do Alentejo, concelho de Santiago do Cacém, onde criou um hotel-refúgio rodeado pela floresta, lugar que é testemunha da sua produção artística.


Comente esta notícia

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização.