Foto: CMS

De acordo com o município de Sines, nesta exposição, que ficará patente até 27 de abril, reúnem-se oito dezenas de obras de arte provenientes, na sua maioria, da igreja que o navegador mandou erigir em Sines, em ação de graças pelo bom sucesso da viagem à Índia com que inaugurou um novo capítulo da História mundial.

A igreja irá ser alvo de uma profunda campanha de recuperação, ao longo de 2025, financiada pelo PRR da Cultura.

"Devido à necessidade de retirar todas as obras de arte do interior do templo, durante os trabalhos, foi possível encontrar no Panteão Nacional o lugar seguro para as conservar e, ao mesmo tempo, manter acessível ao público aquele que é um dos mais ricos tesouros sacros do Alentejo", explicou a autarquia.

Desta forma, indica, assinala-se os 500 anos da morte de uma das figuras históricas que mereceu honras de panteão, logo em 1880, no Mosteiro dos Jerónimos, e, a partir de 1966, em cenotáfio erigido na nave da então finalmente concluída obra de Santa Engrácia.

Vasco da Gama morreu a 24 de dezembro de 1524, em Cochim, bem longe da sua terra natal. Era a terceira vez que pisava o subcontinente indiano, mas a primeira em que o fazia com título de vice-rei, passados que eram 26 anos sobre a viagem em que abrira o caminho marítimo de ligação da Europa ao Oriente.

Recebido triunfalmente quando regressou, logo se apressou a mandar erigir a igreja das Salas, em Sines, terra de que o pai fora alcaide-mor, e onde certamente terá nascido.

Na fachada da igreja, Vasco da Gama mandou colocar a sua pedra de armas, em posição de destaque, juntamente com uma lápide onde constam todos os seus títulos, o que desagradou profundamente à Ordem de Santiago, a quem pertencia o senhorio da terra, prometido, no entanto, ao Almirante como recompensa pelo bom sucesso da sua viagem.

A atribuição do senhorio de Sines a Vasco da Gama nunca se cumpriu e o navegador acabou mesmo por ser expulso da vila por D. Manuel I, que desta forma encerrou abruptamente a questão.

O templo, à data ainda em obras, só veio a ser sagrada passados cinco anos sobre a sua morte, tendo os pescadores e marítimos de Sines passado a assumir a conservação da mesma, graças à devoção que tinham à Senhora das Salas, bem patente no número e qualidade de ofertas votivas que lhe fizeram, e à admiração pelo mais ilustre filho da terra.

É esse tesouro, construção anónima de uma comunidade, inesperado pela sua riqueza e qualidade artística numa povoação sempre vista como pobre e distante dos grandes centros culturais, que se leva agora ao Panteão Nacional.

A inauguração da exposição está marcada para as 18:00.

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