De mochila às costas, colete refletor, para garantir a segurança na estrada, e carregado de boa energia e fé, o grupo de peregrinos vai percorrer várias etapas, entre 30 e 40 quilómetros, até perfazer os 280 que o separa do Santuário de Fátima.

“O número está sempre a aumentar, mas temos uma 'baliza' que não podemos ultrapassar, devido às limitações relacionadas com o apoio, dormidas e transportes”, explicou o padre Abílio Raposo, da paróquia de Santa Maria.

Este ano, entre os que estão a caminhar e a equipa de apoio, “são à volta de 70” as pessoas que participam na 20.ª peregrinação, precisou o pároco, momentos depois da partida do grupo de peregrinos, em Vila Nova de Santo André, que acompanha há 12 edições.

Os peregrinos “levam a sua cama atrás, o colchão, o saco-cama, o saco da roupa, dos talheres, da comida e dos produtos. Para isto, precisamos de carrinhas e temos conseguido a ajuda de algumas empresas e instituições”, disse.

“Temos cada vez mais patrocinadores e gente a querer ajudar” esta missão, realçou Abílio Raposo que contabilizou, este ano, “mais donativos”.

Para que tudo corra de feição, a organização começa a trabalhar “uns meses antes”, mas, no ano em que a peregrinação celebra um número redondo, o pároco não tem dúvidas em afirmar que “a equipa já está especializada e consegue levar a bom porto esta iniciativa”.

“Este ano temos um grupo grande de juventude, o nosso benjamim tem pouco mais de 20 anos, e os mais velhos entre os 70 e os 80 anos”, referiu.

O benjamim do grupo, Miguel Silva, de 21 anos, segue as pisadas da família que tem visto caminhar em peregrinação ao longo da sua vida. Este ano decidiu também ele participar “pelo sucesso” que tem tido na universidade.

“É um caminho novo e espero que corra bem, que consiga chegar bem [a Fátima] e que fiquem contentes” com esta missão, partilhou.

A caminhar com os peregrinos de Santa Maria há, pelo menos, 13 anos, Célia Encarnação, de 75 anos, garantiu que “é a fé, o convívio e a camaradagem” que a motivam a participar nas peregrinações até ao santuário.

“Quando a gente chega lá é uma emoção muito grande”, sublinhou.

Depois da partida, perto das 04:00 da manhã, a primeira paragem aconteceu em São Francisco da Serra, às 07:00, onde foi servido um pequeno-almoço que contou com a presença do vereador da Câmara de Santiago do Cacém, Albano Pereira, do presidente da Junta de Freguesia de Santo André, David Gorgulho, com a Caixa Agrícola da Costa Azul a oferecer mochilas aos peregrinos.

Pela frente, os peregrinos, têm vários dias de algum sofrimento, mas também de muito convívio, “alegria e esperança”, realçou o vereador Albano Pereira.

“É sempre um orgulho ter um grupo de peregrinos unido, com alegria e disposto a caminhar e a levar o nome de Santiago do Cacém até Fátima”, vincou.

Por outro lado, o presidente da Junta de Freguesia de Santo André, David Gorgulho, manifestou “satisfação pela envolvência notável em torno da peregrinação a Fátima”.

“Todos eles transportam um pouco daquilo que é a sua ambição pessoal, os seus problemas, as suas motivações, mas também aquilo que é a esperança de uma comunidade”, frisou.

A palavra eleita para esta peregrinação é a Esperança, contou o padre Abílio, porque “é transversal a toda a sociedade”.

“Num tempo em que vivemos com este clima de guerras na Europa e um pouco por todo o Mundo, e de crise económica, a sociedade precisa de esperança e que as pessoas optem por esta palavra e procurem pô-la em prática, algo que vá dando capacidade a todos de construir um Mundo Novo”, considerou.

O grupo culmina a caminhada no próximo dia 12 de maio, no Santuário de Fátima.